Por Uma Intelectualidade Cristã!







sábado, 26 de setembro de 2020

TRIBUTO AOS TRADICIONALISTAS

 

“Mas o que é Tradição? Parece-me que, com freqüência, a palavra é imperfeitamente compreendida: comparam-na às tradições como existem nas profissões, nas famílias, na vida civil: o buquê fixado sobre a cumieira da casa quando se coloca a última telha, o cordão que se corta para inaugurar um monumento etc. Não é disto que eu falo; [...] A tradição se define como o depósito da fé transmitido pelo magistério de século em século.” (Mons. Marcel Lefebvre, Carta Aberta aos Católicos Perplexos).

 

“Não vos deixeis iludir, caros leitores, pelo termo ‘tradicionalista’ que se tenta fazer tomar em mau sentido. É de certo modo um pleonasmo, pois não vejo o que pode ser um católico que não fosse tradicionalista. Creio tê-lo demonstrado neste livro, a Igreja é uma tradição. Nós somos uma tradição. Fala-se também de ‘integrismo’; se se entende com isto o respeito da integridade do dogma, do catecismo, da moral cristã, do Santo Sacrifício da Missa, então sim somos integristas. Mas eu não vejo como possa ser católico quem não fosse integrista neste sentido”. (Mons. Marcel Lefebvre, Carta Aberta aos Católicos Perplexos).

 

“(...) A Igreja, que jamais traiu o bem dos povos com elogios comprometedores, não deve esquecer o passado (...) basta retomar com o concurso dos verdadeiros trabalhadores a restauração social dos organismos atingidos pela Revolução e adaptá-los, com o mesmo espírito cristão que os inspirou, ao novo cenário criado pela evolução material da sociedade contemporânea, pois os verdadeiros amigos do povo não são os revolucionários nem os inovadores, mas os tradicionalistas”. (Papa São Pio X, citação encontrada na obra “Do Liberalismo à Apostasia” de Mons. Marcel Lefebvre).

 

            Como é sabido, o Concílio Vaticano II causou uma crise que é considerada como a pior já enfrentada pela Igreja. Mas Deus, que nunca a abandona, suscitou verdadeiros católicos para esse terrível combate. E quem são esses combatentes senão os tradicionalistas? E ainda: o que significa ser tradicionalista? Nada mais que ser continuador do que a Igreja sempre foi, de modo que ao ouvir um tradicionalista atual não notamos nenhuma diferença essencial em relação àquilo que os grandes católicos disseram no passado. O termo — tradicionalista —, embora seja pleonástico como aponta Mons. Lefebvre, serve para colocar alguma ordem no caos em que se tornou o orbe católico. Aqueles, portanto, que procuram guardar e seguir a Fé Católica, tal qual ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo, são tradicionalistas. A eles presto a seguir minha homenagem.

            Tudo o que direi a seguir sobre os tradicionalistas atribuo em primeiro lugar à Graça de Deus, pois Nosso Senhor nos diz que sem Ele nada podemos fazer. Feita esta importante ressalva, faço a seguir o meu elogio.

            Falemos primeiramente do Catecismo de São Pio X. Certamente essa pequena obra ajudou muitos a adquirir uma Fé sólida e um conhecimento muito satisfatório da Doutrina Católica. Quem se debruçou seriamente sobre ele, buscando decorar suas respostas sucintas e esclarecedoras, saberá do que estou falando; e saberá mais ainda se buscou incuti-lo em seus filhos, estudando-o em família. A difusão de tal catecismo, ninguém o poderá negar, foi em grande medida obra dos tradicionalistas.

            Entre muitas outras realizações no campo do conhecimento, não podemos esquecer que mantiveram Santo Tomás no verdadeiro pedestal que ele merece.

            Foi pelos tradicionalistas que, para muitos, o terço deixou de ser um mero objeto ornamental pendurado em algum lugar da casa para tornar-se uma verdadeira arma de conversão e santificação. Eles propagaram insistentemente a recitação do Santo Rosário, ensinaram a força e a importância dessa oração e a partir disso muitos puderam ver na prática a eficácia dessa devoção. Além desta, propagaram também muitas outras devoções, como a entronização do Sagrado Coração de Jesus, mediante a qual Cristo é entronizado no lar como Rei de Amor.

            Eles propagaram obras consagradas do catolicismo como: Filoteia, Exercícios Espirituais, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Imitação de Cristo e tantas outras. Lembrando-nos assim de uma verdade hoje tão esquecida: é preciso freqüentar boas leituras e rechaçar as más.

            Mantiveram os ensinamentos sobre a modéstia e tantos outros pontos esquecidos da moral católica. Combatendo sempre os maus costumes e recordando-nos de que a moral não muda ao sabor dos tempos, aliás em sua essência não muda de forma alguma, pois a Lei de Deus é eterna.

            Os tradicionalistas ergueram num estandarte a grandeza da Santa Igreja, ensinando enfaticamente que fora dela não há salvação.

            Foi com eles que muitos aprenderam que os sacramentos são verdadeiros transmissores da Graça e não meros símbolos. Não deixaram que fosse esquecido o verdadeiro caráter da Santa Missa: verdadeiro Sacrifício oferecido a Deus Pai; ensinaram com o exemplo, com a prática e com insistentes admoestações que a Santa Missa merece a máxima reverência. Expuseram com clareza meridiana os problemas da missa nova e as razões pelas quais deve ser rejeitada. Eles mantiveram neste mundo, pela Graça da Deus, a dignidade do culto que é devido a Deus, mantiveram a Missa de Sempre. Devido à sua coragem e intransigência, o culto católico tradicional é uma realidade vivida por muitos e desejada por outros tantos que, por inúmeras razões, ainda não têm acesso a tamanha graça.

            E assim os tradicionalistas me ensinaram a ser católico, e foi como aprender com os próprios apóstolos, não porque tenham aqueles a mesma excelência que estes, mas porque a Doutrina é a mesma. E foi assim, para concluir, que tornei-me eu, por minha vez, tradicionalista, juntamente com minha família, para a Glória de Deus e de Sua Igreja.

            Eis aí aqueles pelos quais Nosso Senhor renova a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Eis aí, os heróis da Igreja, Rezemos para que cresça o alcance daqueles que mantêm a devida fidelidade ao depósito da Fé; a ordem de Cristo para que se batize e se ensine todos os povos fala-nos hoje com especial eloquência. Contemplar a ação dos tradicionalistas na história recente é contemplar a continuação daquele farol que conduz a história da Igreja em seus dois milênios de existência, é nada mais que assistir a continuação da Igreja; é além disso, contemplar o modo como Deus, valendo-se de um número tão reduzido humilha o inimigo e faz brilhar tão fulgurantemente a Sua Igreja. O que me faz lembrar do modo como meu filho de quatro anos responde uma questão da catequese: “— O que é a Santa Igreja Católica?; — A Igueja do Deus, a verdadeira dEle.” Assim, fazendo eco aos mencionados heróis, responde em sua candura infantil esse pequeno tradicionalista. Ave Maria Puríssima!