domingo, 7 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
POR QUE A FILOSOFIA DE OLAVO DE CARVALHO É PERIGOSA PARA A FÉ CATÓLICA?
INTRODUÇÃO
“Tudo
para a glória da Santíssima Trindade”
Movido pelo dever de ajudar o próximo e
defender a fé católica escrevo este texto apontando alguns erros cometidos por
Olavo de Carvalho contra a fé católica. Não falarei de sua vida pregressa, não
julgarei suas intenções, não o acusarei de nada que não possa ser visto em suas
próprias palavras e atitudes, pois não me interessa classificá-lo com um
rótulo nem isso teria qualquer utilidade. Meu objetivo é bem simples, modesto e
condizente com minha capacidade: mostrar que Olavo diz coisas contrárias à
doutrina católica e com isso tentar provar que sua filosofia não é segura para
aqueles que querem guardar a fé. Enganam-se os que pensam que faço isso para destruí-lo
ou difamá-lo, mas apenas movido pelo desejo de buscar e defender a verdade, se,
portanto, algum erro for por mim cometido naquilo que aqui escrevo gostaria de
ser corrigido seja como for, mas de preferência com a mesma caridade e boa
vontade que tenho a intenção de demonstrar para com aqueles que acompanham o
filósofo, entre os quais conto alguns amigos e tantos conhecidos. Logo não
discutirei a vida pessoal do Olavo, mas somente o que é por ele ensinado.
Já consigo imaginar alguns argumentos que
serão usados contra mim: 1- Converti-me ontem e já estou com o dedo em riste
para condenar “hereges”; 2- Estou usurpando uma função que só cabe ao
magistério; 3- Estou escondendo minha incapacidade filosófica atrás do magistério,
fingindo que falo em nome da Igreja e que minhas palavras têm a autoridade de
uma declaração papal; 4- Sou um fracassado invejoso que só quer aparecer; 5-
Sou um histérico que não olha a realidade, mas apenas busca fortalecer sua
posição dentro de um determinado grupo. Pelo que conheço das discussões que se
formam em torno dos alunos do Olavo vejo que ao lado de certas tentativas de
adentrar o centro da questão sempre figuram os cinco argumentos acima, espero
que no meu caso as questões que abordo sejam tratadas com a devida seriedade em
seu aspecto doutrinário, se assim for aceitarei de bom grado esse anexo de
acusações infundadas e julgamentos temerários a meu respeito.
Em nada avançaremos se qualquer crítica feita ao
Olavo não for analisada pelo que realmente é, peço, portanto, a benevolência de
que os fatos que apresento sejam analisados friamente e sem qualquer paixão, o
que infelizmente não tem acontecido. Qualquer tentativa de apontar os erros do
Olavo é logo tachada como baixeza moral, má intenção, má vontade, inveja,
fracasso, usurpação do magistério, mas a questão central nunca é respondida.
Veja-se, por exemplo, suas afirmações a respeito de Sidney Silveira, que por
ter questionado certos pontos doutrinais de maneira polida teve suas intenções
julgadas por Olavo e foi chamado de intrigante, invejoso, Filho da p..., puxa
saco, falso, indivíduo sem a mínima moralidade, consciência moral torta incapaz
de julgar qualquer coisa, hipócrita, sepulcro caiado, indivíduo que nada vale.
Se vierem dizer-me que nada conheço do professor Olavo de Carvalho e estou
sendo leviano falando do que não sei, digo com toda a sinceridade o que dele li
até hoje: O Mínimo que Você Precisa Saber Para não Ser Um Idiota; Maquiavel, ou
A Confusão Demoníaca; Aristóteles em Nova Perspectiva; parte de O Imbecil
Coletivo; diversos artigos publicados no site Mídia Sem Máscara; além de ter
assistido 4 aulas completas do Curso Online de Filosofia, vários programas no
Trueoutspeak, mais algumas dezenas de vídeos dele postados no youtube. Logo não
me venham dizer que não li nenhuma página dele, digam ao menos que estudei um
pouquinho.
O homem que busca sinceramente a verdade não
tarda em constatar sua incapacidade para tão grande empresa, movido então pela
graça volta-se então para Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. A fé
católica passa então a ser o único critério seguro para julgar as mais altas
questões que preocupam o ser humano no que se refere ao alcance de sua
finalidade última. Não é outra a motivação desse texto, senão defender o
tesouro da fé, que é muito fácil de ser perdido.
Às
vezes, a admiração que temos por algumas pessoas de talento nos desviam da
verdade e de sua fonte, de modo que tenho por seguro nessa vida admirar
profundamente apenas a Igreja, sua doutrina, seu fundador e seus santos, bem
como as obras de Deus. De fato Olavo é muito admirado por muitas pessoas de
talento e eu também não nego que ele é admirável em muitos pontos: seu
brilhantismo retórico, certas reflexões geniais, a convicção que beira o
passional parecem ter sido elementos eficazes para conquistar um número
considerável de pessoas desencantadas pela frieza e pelos absurdos dos
ambientes acadêmicos; o problema é que tudo isso o tornou ainda mais perigoso
para aqueles que o têm como fonte de filosofia segura, pois correm grande risco
de não notar seus erros filosóficos, ou então, movidos por sua autoridade
passam a aderir a esses erros. Creio que esse pequeno trabalho irritará algumas
pessoas que dizem buscar a verdade e mesmo amá-la, embora talvez não saibam o
que isso significa, pois irritar-se-ão não por zelo da verdade, mas por eu ter
ousado contestar seu mestre. Se esse texto for lido em certos círculos e algum
debate for travado, o observador atento poderá ver se me respondem tendo em
vista a defesa da verdade ou a defesa de um filósofo. Espero sinceramente que
possamos buscar a verdade, e sem pusilanimidade digo que não quero brigar nem
indispor ninguém, embora também não faça questão de agradar ninguém. Faço
questão de ajudar, na medida de minha capacidade, mas não faço questão nem de
brigar, nem de agradar, espero que tenha ficado claro. Vejamos agora os erros
de Olavo.
OS PALAVRÕES E A QUESTÃO DO
PECADO DE IMPUREZA
Por favor caro admirador de Olavo, não faça
cara feia dizendo “de novo! Será que é só isso que sabem falar contra o Olavo?”
Se tiveres a paciência de ler até o final verás que vou um pouco além da
simples questão dos palavrões, e mesmo nessa questão encontrarás uma
importância que talvez não tenhas ainda notado. Tem paciência, pois.
Quem acompanha o Olavo nas suas aulas,
hangouts, vídeos do youtube ou postagens no facebook vê claramente que ele faz
pouco caso dos pecados de impureza, reduzindo assim sua gravidade, e o faz de
várias formas: falando palavrões, contando anedotas ou piadas indecentes,
colocando de modo indecente, desrespeitoso e repugnante a mãe de seus inimigos
no meio da enxurrada de impropérios que descarrega, e até mesmo dizendo
abertamente que os pecados de impureza não possuem muita relevância. Vê-se que
certos alunos e o próprio Olavo veem a atitude de falar palavrões como um sinal
de virilidade e “implicar” com isso seria sinal de hipocrisia e pusilanimidade.
Darei alguns exemplos citando as próprias palavras de Olavo: “Não sou
muito inclinado a levar muito a sério as questões de moral sexual, acho que essas
são questões menores no âmbito público, embora no âmbito íntimo sejam
fundamentais para a perfeição da alma.” (debate no programa “diálogos impertinentes”, o
programa é antigo, mas ele não dá sinais de ter mudado sua posição a esse
respeito), tal declaração não faz o menor sentido, pois uma questão moral
sempre afeta a sociedade como um todo, logo não faz sentido falar que a moral
sexual não tem implicâncias no âmbito público: podemos citar o exemplo das
novelas que moldam comportamentos contrários à castidade, podemos falar das
propagandas imorais etc. Nossa Senhora alertou, por exemplo, que viriam muitas
modas que ofenderiam Nosso Senhor. No mesmo programa falando sobre o adultério de
Bill Clinton e Mônica Lewinsky, diz que Bill Clinton agiu “apenas de acordo com o instinto humano, a garota está lá dando sopa e
ele bulinou-a, a carne é fraca”, como sempre diminuindo a gravidade do
pecado de impureza, nesse caso dizendo que o adultério seria apenas uma atitude
que está de acordo com o instinto humano (o que de modo algum justificaria tal
ato), não é possível saber se ele realmente pensa assim ou se foi apenas um
descuido (embora a constância com que diz coisas parecidas com essa leva-me a
crer que realmente pense assim). Esse tipo de declaração infeliz é simplesmente
inaceitável por parte de um filósofo que se pretende católico. Diz ainda no
mesmo programa que sua primeira reação quando se fala de moral sexual é a de
não levar muito a sério, ignoraria ele que a Igreja considera isso matéria
grave? Ignoraria ele o aviso de Fátima a esse respeito? Como se não bastasse termina
fazendo uma chacota onde parece enaltecer o escândalo que estava promovendo:
dizendo que pior que Bill Clinton ter relações com a secretária é tê-las com a
própria esposa. (sic!).
Somos ensinados desde pequenos que não se
deve falar palavrões; qualquer pessoa de bom senso (mesmo que tenha esse mau
hábito) costuma evitar os palavrões em certas ocasiões, principalmente quando
estão perto de crianças; todos os pequenos manuais de exame de consciência para
a Confissão citam esse pecado; enfim, é tão claro para o senso comum e para a
fé católica que os palavrões devem ser evitados que esse ponto sequer merece
uma refutação, no entanto o professor Olavo me obriga a isso, complicando a
questão e dizendo que falar palavrões, em certas ocasiões não só não é errado,
mas até mesmo sinal de virtude, logo foi ele que tornou essa questão
paradigmática ao dizer algo tão estranho ao próprio senso comum. Se ele falasse
palavrões e admitisse que esse é um defeito que ele tem eu nada diria sobre
isso, portanto se abordo esse assunto, não é pela falha moral em si, mas
unicamente pela pretensão que ele tem de defender uma coisa tão obviamente
errada como essa.
É possível notar que quando ele fala das
aparições de Nossa Senhora de Fátima ele recorda acertadamente as condenações
ao comunismo, mas nunca o vi lembrar-se de que Nossa Senhora disse: “Vão mais almas para o inferno pelos pecados da carne do que por qualquer outra razão”.
Creio que não preciso provar que ele faz isso (pois esse texto dirige-se,
sobretudo, aos que o acompanham), todos sabem que ele assim procede, mas
diminuem a importância desse fato ressaltando outras qualidades que seu
professor possui, alguns até acham engraçado suas tiradas indecentes, como eu
próprio achei por algum tempo. A justificativa dada por Olavo e seus alunos é
uma espécie de princípio chamado de “apostolado dos palavrões” cujo criador teria
sido, segundo ele, Josemaria Escrivá, segundo esse princípio, pelo que entendi,
os palavrões e xingamentos seriam a única forma de terapia utilizável para com
aqueles que estão empedernidos no erro. Se nos ativermos ao bom sentido desse
princípio e tentarmos compreendê-lo de boa vontade podemos concordar que certa
firmeza na entonação, no tratamento com certos indivíduos, é necessária, mas
quando vemos o modo como Olavo aplica isso na prática podemos perceber que ele
ultrapassa muito o que esse princípio poderia sugerir de bom e lícito: a
própria escolha que faz dos impropérios (extremamente abjetos), o fato de
colocar a mãe do oponente no meio da discussão, a insistência esmagadora e
contrária à caridade que não se contenta em refutar o adversário e admoestá-lo,
mas quer de toda forma humilhá-lo. Isso falando em seu próprio terreno, mas
pelos princípios morais da Igreja acredito que seja indefensável o uso de
palavras indecentes seja qual for a ocasião, e obviamente há muito mais virtude
e virilidade em evitar os palavrões que em proferi-los. Dizer que pessoas
extremamente virtuosas também falam palavrões não torna essa atitude correta,
um defeito não deixa de sê-lo por termos outra qualidade, além do que não estou
falando da atitude moral de Olavo diante da questão, mas sim da sua defesa dessa atitude. Diminuir a
importância da questão e dizer que estou sendo moralista também não pode ser
tomado como argumento sério, pois trata-se de algo relacionado à impureza, que
segundo Nossa Senhora de Fátima é o pecado que, embora não seja o mais grave de todos, é todavia o que mais frequentemente leva almas para o inferno.
Essa é uma questão grave por ter implicações
de longo alcance na vida espiritual das pessoas, mas seria pouco para convencer
aqueles que por muitas outras razões admiram Olavo de Carvalho. Portanto, logo
adiante citarei outros erros. Mas antes quero falar um pouco mais sobre esse
assunto para que se compreenda o motivo de minha preocupação. São Francisco de
Sales cita em sua obra Filotéia o exemplo de um santo que era imitado pelos
seus discípulos até nas suas imperfeições e nos seus modos exteriores, isso
acontece quando admiramos muito uma pessoa. Isso também acontece nos círculos
“olavianos” quando vemos seu estilo agressivo ser imitado, seus palavrões serem
louvados, tudo o que ele diz ser aprovado, e talvez até alguns comecem a fumar
por influência do seu professor[1].
Logo essas atitudes que podem parecer insignificantes têm um peso grande quando
se trata de alguém que tenha tanta influência e tantos admiradores quanto ele.
Creio que não seja válido o argumento de que todos possuem defeitos, pois assim
poder-se-ia debelar qualquer admoestação e se refutaria o próprio princípio
evangélico de exortar uns aos outros, além do mais ninguém poderia criticar
comunistas, nem quem quer que fosse, pois sempre poder-se-ia dizer que todos
têm defeitos. Além do mais o caso de Olavo torna-se particularmente grave, pois
ele e seus alunos querem que esses defeitos passem por qualidades, e nessa
inversão óbvia, que os leva a defender o indefensável, é que mora o maior
perigo segundo a apreciação que faço. Apenas para citar um exemplo gostaria de
lembrar um trecho de uma aula do Padre Paulo Ricardo no qual o respeitado
sacerdote chega a dizer que os palavrões do Olavo se justificam pelos pretensos
resultados que alcançam, contrariando o princípio ensinado pela Igreja de que não se pode fazer o mal para alcançar o bem, raciocinando de modo falacioso e
esquecendo-se de esclarecer a questão principal que é: “é lícito ou não falar
palavras indecentes?” O sacerdote nesse caso nos dá um exemplo típico de
defender o indefensável e desculpar os erros de Olavo alegando outras
qualidades. O trecho, a meu ver escandaloso, proferido pelo Padre Paulo é: “se
com os palavrões ele está conseguindo acordar as pessoas e trazê-las de volta
para a Igreja bendito sejam os palavrões” (aula ao vivo número 63, a partir dos
34 minutos, no site do Padre Paulo). Só para ilustrar e para não se dizer que
não dei provas suficientes, olhei por menos de cinco minutos o facebook do
Olavo e encontrei isso: “Meu primeiro objeto de desejo erótico foi minha prima
Maria Luísa, a mulher mais bonita do mundo. Só houve um problema de timing: eu
tinha seis anos; ela, 26. Na verdade não foi bem erótico, foi mais um
deslumbramento estético.” Algum aluno ou o próprio Olavo ousaria dizer que essa
postagem também se justifica pelo “apostolado dos palavrões”. Para não ser
leviano apenas gostaria de dizer que não consigo entender por que alguém tão
dotado intelectualmente pode escrever um disparate desses e colocar para todo
mundo ver. Como é possível ter a pretensão de falar de modo tão profundo sobre
política, consciência, espiritualidade e não conseguir ver o absurdo que é colocar
algo assim na internet? Lembrando, é claro, que foi uma das coisas mais leves
que lá encontrei. Foi por coisas desse tipo e outras ainda mais graves que
comecei a desconfiar da filosofia de Olavo de Carvalho, pois sou partidário da
idéia de que uma boa Filosofia só pode vir de homens virtuosos. Não posso dizer
com certeza que ele não tenha nenhuma virtude, nem que sua filosofia seja
totalmente falsa, por isso limito-me a dizer que sua filosofia é perigosa para
a fé católica, e para tanto darei a seguir outros motivos.
ERROS
DOUTRINAIS CLARÍSSIMOS
Começarei a abordar agora aquilo que de mais
contrário à fé católica encontrei nos ensinamentos de Olavo. Primeiramente
falarei de duas coisas extremamente claras e paradigmáticas e depois falarei de
coisas mais sutis.
A afirmação mais contundentemente contrária
aos ensinamentos da Igreja proferida por Olavo de Carvalho foi feita na aula
285 a partir dos 53 minutos. Ele diz:
“Fenômenos de reencarnação mesmo que acontecessem, e acredito que até
acontecem...” quem acha que estou distorcendo o contexto basta ir até a
aula e conferir, de qualquer forma postarei no youtube um áudio para quem
quiser checar. Como esse texto é escrito para católicos que já tenham um mínimo
conhecimento da doutrina católica não refutarei a tese da reencarnação, pois
basta saber que a Igreja sempre condenou tal tese, afirmando sempre a doutrina
da ressurreição, o apóstolo São Paulo diz que “E, como aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo depois o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se
uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado,
aos que o esperam para salvação.” (Hebreu 9, 27 e 28). Para um bom católico
esse simples pronunciamento infeliz de Olavo já serviria para considerar sua
filosofia um perigo para as almas, pois não se trata de qualquer coisa, mas de
um dos pontos mais importantes da esperança da fé cristã: a ressurreição. Além
disso, a reencarnação vai contra outro grande ensinamento da nossa fé: a
redenção através de Jesus Cristo. Na dita aula, o filósofo em questão ainda
estimula um aluno a prosseguir com seus estudos espíritas, ele chega a
encorajar seu aluno a continuar estudando essas coisas de maneira “científica”
desconsiderando irresponsavelmente que o método “científico” usado pelos
espíritas inclui a invocação dos mortos (necromancia), prática condenada pela
Igreja como abominável. A Igreja condena esta prática como altamente perigosa
para a alma, capaz de levar à demência ou até mesmo à possessão diabólica. Ele
ressalta na aula 285 do COF que não tem muito conhecimento de espiritismo, mas
como católico e ocupando a posição que ocupa não deveria ignorar o grau de
perigo que o espiritismo representa, logo, no mínimo, ele foi muito imprudente.
Se do pouco que conheço de sua filosofia já foi o suficiente para deparar-me
com tamanho desconcerto, imagina o que não andam absorvendo, muitas vezes sem a
devida reflexão, seus fiéis alunos. Infelizmente não foi só isso que encontrei.
Na primeiríssima de suas aulas ele diz que a
profissão de cartomante é absolutamente respeitável. O trecho é o seguinte: “Aqui nos
EUA, o sujeito que é vidente se anuncia como “metafísico”, e a atividade de uma
cartomante — cuja profissão é absolutamente respeitável, mas não tem nada a ver
com a filosofia — é também chamada de ‘metafísica’”. Outra
grandiosa imprudência, para ser benevolente, ou então sabe-se lá a que podemos
atribuir essa afirmação tão contrária a fé católica. A frase encontra-se, para
quem quiser ver, na página 11 da transcrição da aula 1. Essas são as duas
afirmações mais claramente anti católicas que encontrei. Vejamos agora outros
pontos um pouco mais sutis, mas que ainda assim podem ser tidos como altamente
duvidosos e confusos, prejudicando, portanto, a fé dos católicos, que para ser
cultivada precisa da clareza de uma boa filosofia e não de afirmações estranhas
e incertas, que mais confundem do que confirmam nossa fé, que infelizmente já
sofre tantas investidas.
ERROS
MAIS SUTIS
Se eu fosse falar sobre todos os trechos em que
encontrei alguma ambigüidade no que já foi dito ou escrito por Olavo, o
trabalho ficaria muito longo, portanto abordarei alguns pontos sutis, mas nem
tanto. Não adianta tentar apontar textos em que ele diz o contrário, pois isso
só reforçará a minha constatação de que sua filosofia é confusa, logo perigosa
para a fé católica.
Vejamos agora alguns trechos de sua obra “O Mínimo
que você precisa saber para não ser um idiota”.
1- “Por
vezes, do fundo obscuro da alma humana, soterrada de paixões e terrores, nasce
um impulso de libertar-se da densa confusão dos tempos e erguer-se até um ponto
onde seja possível enxergar, por cima do caos e das tormentas, dos prazeres e
das dores, um pouco da harmonia cósmica ou mesmo, para além dela, um fragmento
de luz da secreta ordem transcendente que- talvez- governa todas as coisas. É o
impulso mais alto e mais nobre da alma humana. É dele que nascem todas as descobertas da sabedoria e das ciências, a
possibilidade mesma da vida organizada em sociedade, a ordem, as leis, a
religião, a moralidade, e mesmo, por refração, as criações da arte e da técnica
que tornam a existência terrestre menos sofrida.” (página 59, “Espírito
e cultura: o Brasil ante o sentido da vida”). Não há como negar que nesse
trecho é negado claramente que a Religião Católica tenha uma origem
sobrenatural, pois é afirmado claramente que a “religião” (na qual devemos
incluir também a católica, já que nenhuma ressalva é feita) nasce de um impulso
alto e nobre da alma humana, e não, portanto, de uma revelação divina. Além
disso, ao falar de religião de forma genérica, como se todas tivessem a mesma
origem, dá margens a confusões inumeráveis, e contribui para enfraquecer o
ensinamento tradicional da Igreja de que fora dela não há salvação. Se em
outros textos ele diz o contrário disso, e creio que é possível que tenha
falado da origem sobrenatural da revelação, apenas prova ainda mais o
emaranhado confuso da filosofia de Olavo de Carvalho, pois uma das coisas mais
prezadas na filosofia é a ausência de contradições, e uma das coisas que mais
tem destruído a Igreja são as ambigüidades. Ainda no mesmo texto podemos encontrar
algo ainda mais escandaloso, de onde podemos com mais segurança tirar as mesmas
conclusões: “Daí que se possa sempre observar, no estudo das manifestações
superiores da espiritualidade, esse duplo direcionamento, que de um lado atesta
a convergência dos caminhos percorridos pelos homens espirituais de todo o
mundo (‘tudo o que sobe converge’, dizia Teilhard Chardin), de outro a
pluralidade inesgotável das formas assumidas pelos testemunhos incorporados ao
legado cultural: textos, obras de arte, leis, etc.” Pelas próprias palavras de
Olavo podemos ver que, segundo ele, os caminhos percorridos pelos homens
espirituais de todo o mundo convergem, o que nos leva de novo à conclusão anti
católica de que existe salvação fora da Igreja e que os caminhos percorridos
por São Francisco de Assis e Buda são ambos bons, pois “tudo o que sobe
converge”[2].
Que tudo isso é absurdo qualquer um que tenha estudado seriamente o mais
simples catecismo católico pode observar, pois a doutrina nos ensina que fora
da Igreja não há salvação, e que entre a espiritualidade católica e qualquer
outra espiritualidade há a diferença abissal que há entre a única doutrina
verdadeira e as doutrinas falsas. Não há, portanto, convergência entre a
religião católica e as outras, senão em coisas provenientes da razão e da moral
naturais e ainda assim em poucos pontos, já que as falsas religiões transgridem
até mesmo essas normas, pois lhes faltam a luz que só a verdadeira doutrina
pode dar. Caso se pretenda uma convergência em termos doutrinais o absurdo é
ainda maior.
2- Falemos agora de um trecho que é um pouco mais
complicado, mas que igualmente, a meu ver, encerra uma armadilha. O trecho em
questão é: “São Tomás de Aquino já
ensinava que o problema maior da existência moral não é conhecer a regra geral
abstrata, mas fazer a ponte entre a unidade da regra e a variedade inesgotável
das situações concretas, onde freqüentemente somos espremidos entre deveres
contraditórios ou nos vemos perdidos na distância entre intenções, meios e
resultados.” (“Demolição das consciências”, página 177). Não sei
praticamente nada de Santo Tomás de Aquino, logo não sei se Olavo o interpretou
corretamente. Quem acompanha o filósofo já deve ter ouvido esse trecho inúmeras
vezes, pois eu já o ouvi muitas. Embora pomposo do ponto de vista filosófico e
retórico, não me parece muito consistente. É verdade que às vezes a vida nos
espreme com deveres contraditórios, e que então ficamos amargurados sem saber
qual é a decisão correta a ser tomada. Para não cair no mesmo erro que estou
criticando, darei exemplos que me afligem pessoalmente: devo ou não dar esmolas
para mendigos que evidentemente usarão o dinheiro para se drogar ou tomar
pinga? Por um lado tenho o dever de ser caridoso, por outro fico pensando se
não seria justamente falta de caridade dar a ele um dinheiro que contribuirá
para sua ruína, além do mais nunca podemos ter a certeza absoluta de que ele
usará mal o dinheiro, outro problema é: não deveria eu reconhecer sua liberdade?
Fazer a ele o bem e deixar que ele se responsabilize por seus próprios atos? Ou
seria isso imprudência? Temos um aí uma espécie de dilema moral de relativa
dificuldade. Outro exemplo: estamos numa roda cheia de pessoas com idéias
esquerdistas e anti católicas, por um lado temos o dever de proclamar a verdade
e testemunhar a fé, por outro temos a admoestação de Jesus de que não se deve
jogar pérolas aos “porcos”[3].
Como saber se naquela ocasião específica é prudente corrigi-los ou calar-se? Para
isso precisamos da virtude da prudência. No entanto, pretender que essa ponte
seja sempre difícil de ser feita é um erro, pois muitas vezes é muito claro
aquilo que devemos fazer, e se não o fazemos não é por falta de discernimento
ou de consciência, mas geralmente por amor ao prazer: “Eu me comprazo na lei de
Deus segundo o homem interior, mas percebo outra lei em meus membros, que
peleja contra a lei da minha razão e me acorrenta à lei do pecado que existe em
meus membros.”(Romanos 7). Confesso que Olavo não disse que é sempre difícil de
ser feita (a ponte), mas também não esclareceu suficientemente esse ponto. Mas
por que isso é importante? Porque pode encerrar uma grande armadilha, na qual
pode-se pensar que é sempre muito difícil distinguir o certo do errado,
portanto não devemos nos preocupar muito com regras fixas, mas apenas
desenvolver nossa consciência que aos poucos vai se integrando, o que abre
portas para uma certa permissividade que será confundida com experiência
necessária. Para quem acha que estou devaneando ouça a aula 2 do seu curso de
filosofia, o trecho que vai a partir das duas horas e 13 minutos. Ele diz o
seguinte: “No início da vida eu não pensava em ser um exemplo das virtudes
evangélicas, ao contrário, eu falava: ‘eu quero ter uma ampla experiência da
vida, do mal, do pecado, de tudo, para eu entender, no fim eu vou me consertar,
mas não é esse o objetivo hên, ser um sujeito virtuoso não era importante para
mim...” Olavo não condena essa sua atitude passada, o que nos leva a crer que a
reitera, isto é, segundo ele, para algumas pessoas é importante ter essa
experiência de praticar o mal e o pecado para poder entendê-los, e trata-se
claramente de praticar, pois ele diz que não pensava em ser um exemplo das virtudes evangélicas, mas ter uma
experiência do mal, como? Observando o mal? Não, mas praticando-o, é o que
resulta claro de suas próprias palavras. Quer dizer que pelo menos durante um
tempo de sua vida ele praticou (ou ao menos deixou de evitar) o mal
conscientemente para poder entender e formular sua filosofia, podemos até, sem
risco de exagerar, dizer que isso pode ter sido parte de seu método filosófico,
pois ele diz que essa experiência era importante para que ele pudesse entender
as coisas. O absurdo, ou mesmo a loucura dessa sua postura são claros demais
para que eu os refute, mas o farei brevemente. Jamais devemos fazer o mal, nem
que fosse para entender os maiores segredos do universo, inclusive a serpente
do paraíso tentou Eva com esse argumento: “Vossos olhos se abrirão e vós sereis
como deuses, versados no bem e no mal.” Depois de cair na lábia da serpente os
olhos de Eva se abriram? Pelo contrário, se fecharam e até hoje padecemos as
conseqüências dessa escolha. E Nossa Senhora precisou fazer o mal para aprender alguma
coisa? Não, e no entanto, é chamada a “sede da sabedoria”, “Virgem Prudentíssima” e quase sempre é representada esmagando a cabeça da serpente.
Logo, não precisamos praticar o mal para adquirirmos qualquer conhecimento que
seja. Se às vezes Deus permite que aprendamos algo com nossos próprios erros,
não quer isso dizer que devamos praticar conscientemente o mal para adquirirmos
experiência e fazê-lo seria tentar a Deus. Além disso, a experiência nos mostra
que muitos que vivem no pecado se embrutecem ao invés de se instruir, sendo a
experiência de praticar o mal muito mais eficaz para nos tornar obtusos do que
sábios. Até que ponto essa
infeliz postura de Olavo não terá influenciado a sua filosofia? O que posso
fazer é apenas dar alguns esclarecimentos, mas creio que, para os que tiverem a
paciência de procurar, não faltarão exemplos dos rastros dessa postura ao longo
de toda a sua filosofia, o que mais uma vez prova que ela não pode ser tida
como segura por aqueles que querem guardar a fé.
3- No texto “Capitalismo e Cristianismo” (página 208
da obra indicada) ele critica duramente a Doutrina Social da Igreja e diz que o
dogma da infalibilidade papal foi uma “compensação psicológica inconsciente
para sua renitente falibilidade em matéria econômica e política.”
Passemos agora a outros erros.
“O seu
suporte existencial tem que ser buscado nessa confrontação solitária com o
juízo final e se você não acredita em Deus você tem que ser confrontado com o
vazio que você espera encontrar depois, as duas coisas valem meu filho, e das
duas se você quer saber, o mais temível não é o vazio.” Esse é um
trecho que pode ser encontrado na aula 286 do COF a partir dos 52 minutos, eu
só gostaria de saber como é possível confrontar o vazio, ou como alguém poderia
sequer imaginar-se confrontando o vazio. Eita Olavo!
Ainda na mesma atitude de negar à Doutrina Católica
a primazia que lhe é própria como única doutrina verdadeira, encontramos no site
Mídia Sem Máscara[4] o
seguinte aviso: “polêmicas
inter-religiosas, em especial entre diferentes denominações cristãs, são expressamente
proibidas neste site. Com tantos inimigos rondando, vamos ficar trocando tapas
em família?” O aviso concede certa primazia às denominações
cristãs, mas não deixa de incluir no rol dessa “família” outras religiões não
cristãs como se pode concluir claramente do texto.
Certos católicos reconhecem esses erros do Olavo,
no entanto continuam a se impregnar de sua filosofia, o que eu vejo como
extremamente temerário, pois “Quem ama o perigo nele cairá” (Eclesiastes 3, 27).
Não valeria aqui a comparação com Sócrates, e outros filósofos pagãos, pois
nenhum católico que se preze os têm como reais guias filosóficos, mas os lêem
como filósofos que devem ser corrigidos, o que em geral não ocorre com Olavo,
que é estudado como um verdadeiro guia intelectual, filosófico e até certo
ponto religioso, pois fala sobre religião constantemente, e obviamente esse
direcionamento que ele dá não é seguro, como se depreende do que já foi dito. Poderiam
dar como argumento que ele é apenas um professor de filosofia e não de
religião, que ele te ensinará a filosofar e não o catecismo. Então porque
cargas d’águas ele não assume de uma vez por todas sua heterodoxia e seu não- compromisso
com a fé católica? Por que insiste em falar sobre espiritualidade sem deixar
claro a distinção entre o que é ou não católico nos seus ensinamentos? Por que
não assume então que do ponto de vista da doutrina católica sua filosofia não é
segura? Pois muitas vezes fala coisas seguras do ponto de vista da doutrina e
depois fala exatamente o contrário!!! Não há como negar que há uma séria
confusão nisso tudo. Para um verdadeiro católico nenhuma atividade humana pode
contrariar a Doutrina, assim como um médico que se diz católico não pode
defender o aborto, da mesma forma um filósofo que se diz católico não pode
dizer que a profissão de cartomante é respeitável, ou que a reencarnação pode
ocorrer às vezes.[5]
Além disso, a filosofia é muito próxima da religião e uma filosofia falsa pode
destruir a Fé. Caso contrário, poderíamos ser marxistas do ponto de vista
filosófico e ainda assim nos pretendermos perfeitos cristãos, o que é
evidentemente um absurdo. Logo, a partir da constatação de certos ensinamentos
do Olavo que contradigam a fé católica, como já foi mostrado, quem os aceitar
estará contrariando a fé. Logo, Olavo não é um filósofo seguro para os
católicos.
Quem vê as discussões do facebook envolvendo o
professor, podem notar que certos alunos o imitam no estilo, aprovam qualquer
coisa que ele escreva mesmo que tenha sido o contrário do que escreveu outro
dia (o que às vezes acontece). Se vemos seu estilo ser imitado e até mesmo seus
defeitos serem louvados, por que com muito mais razão não esperar que seus
ensinamentos que contrariam a fé serão também tomados como seguros e
verdadeiros? Logo, na situação concreta que se nos apresenta, mais uma vez devo
afirmar que os ensinamentos de Olavo não são seguros, pois muito de seus alunos
estão dispostos a aceitar indiscriminadamente todos os seus ensinamentos, e
mesmo para alguém mais cauteloso o perigo também existiria, pois há em sua
filosofia, ao lado de coisas claramente contrárias à fé, outras mais sutis e
difíceis de serem captadas à primeira vista, que podem aos poucos se incorporar
à mentalidade de seus alunos e comprometer sua fé.
CONCLUSÃO
Aí está o modesto trabalho que
empreendi para a maior glória de Deus. A Ele e a Nossa Senhora o ofereço, bem
como seus frutos, que espero que sejam bons. Peço perdão se cometi alguma
injustiça e tão logo a perceba a corrigirei se estiver ao meu alcance. As provas
que reuni contra a filosofia de Olavo podem não ser abundantes, mas certamente
são suficientes. Gostaria que seu talento fosse melhor utilizado, rezarei para
que ele se corrija, rezarei também por seus alunos, entre os quais tenho
conhecidos e amigos. Espero que um dia alcancemos a graça de estarmos todos
juntos no Paraíso. Que Deus nos abençoe. Ave Maria!
[1]
Nada tenho contra a apreciação moderada do cigarro, mas defendê-lo enquanto
vício ou deixar de fazer a devida distinção entre vício e apreciação é nada
mais que um disparate.
[2]
Alguém poderia dizer que ele entende “homens espirituais” como apenas os
católicos, mas essa interpretação não é razoável quando se lê todo seu artigo e
as quatro notas que o acompanham.
[3]
Não estou chamando-os de porcos, apenas estou reproduzindo o termo usado nas
Sagradas Escrituras, que provavelmente tem o sentido de “pessoas endurecidas no
pecado” ou “impenitentes”.
[4]
Site do qual Olavo é fundador e editor chefe.
[5]
Afirmações feitas por Olavo em suas aulas, que se encontram disponíveis no áudio
já citado no texto.
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