A finalidade da vida política é tripla: material, intelectual e espiritual. O homem precisa viver em sociedade para doar e receber os frutos que colhe nessas três áreas. A finalidade material é a que possui menor importância, mas infelizmente, devido ao materialismo reinante, ocupa o status mais alto. Pouco importa se um governo promove o aborto desde que ofereça saúde de qualidade (inclusive para as mulheres que querem abortar); pouco importa se um governo promove o casamento gay desde que cuide das rodovias; pouco importa se um governo promove a ideologia de gênero desde que invista em projetos sociais. E assim por diante.
O que fez periclitar o governo petista no Brasil foi, sobretudo, a questão econômica. Para essa tacanha mentalidade, o roubo de dinheiro público é o pecado mais grave que um governo pode cometer. A indignação dos católicos preocupados com as questões morais não teve grande influência naquele processo. Devemos admitir que se a economia do Brasil estivesse em boas condições, o PT teria permanecido no poder. Por incrível que pareça, o ímpeto da militância anticatólica em atacar a moral é maior que o ímpeto dos católicos em defendê-la. Os inimigos da Fé são mais conscientes de que a economia não é o mais importante, pois a subjugam para melhor realizar sua destruição no campo intelectual e espiritual.
Porém, parece-me que isso mudou consideravelmente. Ao meu ver, a massa dos católicos começa a perceber a contradição que existe entre o catolicismo e o comunismo[1]; uma contradição que antes era enxergada apenas por alguns agora é assunto em todos os lugares. O Lula, que até pouco tempo atrás era contestado sobretudo como ladrão, aparece nos tempos atuais contestado como abortista e inimigo da Fé católica. Não se pode negar que houve uma conscientização dos católicos, conscientização essa que, embora parcial, já é algo a ser comemorado. Peçamos a Deus que doravante os católicos percebam que não só o comunismo se opõe à Fé católica, mas também o liberalismo, fruto da Revolução Francesa e difundido pela maçonaria, bem como outras ideologias, isto é, que os católicos conheçam sua Fé e lutem contra tudo aquilo que a ela se opõe.
O fato é que a vida política tem como principal finalidade facilitar ao homem o caminho do Paraíso. É por isso que lutamos pelo Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. A vida política, os políticos, as instituições devem tributar ao Rei dos reis a devida honra, devem obedecer-Lhe em tudo.
A reeleição de Bolsonaro representa dias melhores para a vida católica de nossa nação, todos os indícios nos levam a crer nisso. Mas trata-se de uma vitória pontual e extremamente limitada, embora não se deva negar sua grande importância para o momento atual.
É a vitória do Santo Rosário que nos aproximará verdadeiramente do Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma vitória levada a efeito pelas Graças de Deus; Graças que devem ser atraídas por uma vida espiritual mais intensa. Penitência, oração é o que Nossa Senhora pediu inúmeras vezes. Jejum, esmola, oração é o lema da quaresma. Esse é o caminho que devemos trilhar não só no período crucial que se aproxima, mas a vida inteira.
Para que as coisas sejam colocadas em seu devido lugar acrescento o seguinte: as carreatas para Bolsonaro; a campanha estritamente política que é feita visando a sua vitória são ações que têm sua importância, mas ainda mais importante são as campanhas de oração que são feitas para que as Graças de Deus se derramem sobre o nosso país. Pois rezar é papel de todos os católicos: leigos e sacerdotes; contemplativos e ativos.
Precisamos nos dar conta da importância da oração para obtermos essa vitória. Lembremos do episódio narrado no êxodo: em certa ocasião, o exército de Moisés vencia enquanto ele permanecia com as mãos levantadas e perdia quando ele baixava as mãos; ficou então Moisés cansado de ficar com os braços levantados e então Aarão e Hur lhe sustentavam as mãos, um de cada lado, e assim suas mãos se conservaram levantadas até o pôr-do-sol e o exército dele obteve a vitória. Do mesmo modo, com grande esforço devemos rezar pela nossa pátria, e quando não tivermos mais forças, Nossa Senhora sustentará erguidos nossos braços aos Céus com a força de sua onipotência suplicante.
Para finalizar, vamos reproduzir aqui a narração de como as palavras “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria” foram acrescentadas na oração da Salve-Rainha:
“Depois de muitas tentativas vãs de obter o apoio do Imperador Conrado III e dos nobres germânicos em favor das Cruzadas, São Bernardo fez seu apelo final a eles na Catedral de Espira. Quando o Santo entrou na nave, a Salve Regina era cantada, e quando suas últimas palavras, ‘post hoc exilium ostende’, terminaram, São Bernardo, como se arrebatado, exclamou, ‘O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.’ A vasta congregação foi tocada por esse arrebatamento de devoção. Dois dias depois, o Santo pregou diante do Imperador. Colocando sua confiança em Maria, ele bravamente censurou Conrado por sua tibieza para com a causa de Cristo. Suas palavras surtiram efeito, e o Imperador e seus cavaleiros solicitaram a Cruz imediatamente. Bernardo havia curado doentes e ressuscitado mortos, mas essa mudança repentina de coração foi chamada de ‘miraculum miraculorum’, e suas palavras inspiradas foram acrescentadas pela Igreja à Antífona de Nossa Senhora.”[2]
Essa mudança de coração é uma das coisas que pediremos a Nossa Senhora nessa batalha, isto é, que ela ilumine os corações daqueles que estão nas trevas, para que se convertam, para que se salvem e se santifiquem e, em consequência disso, pela Graça de Deus, os males que assolam a nossa pátria serão extirpados e Deus nos concederá inúmeras bênçãos.
Avante! O Rosário será nossa arma! Rezado com insistência, com perseverança, com heroísmo! Apoiemos e participemos das iniciativas que o promovem. A penitência nos dará força e a caridade será a nossa bandeira. Viva Cristo Rei! Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
