Por Uma Intelectualidade Cristã!







segunda-feira, 30 de março de 2020

SENHOR, QUE EU AME O SILÊNCIO, A CONTEMPLAÇÃO E A SOLIDÃO


Senhor, que eu ame o silêncio,
Não por desprezo às palavras,
Mas para tê-las certas
Na hora certa, da forma certa e para a pessoa certa.

Senhor, que eu ame a contemplação,
Não por desprezo à ação,
Mas para melhor agir.

Que eu ame, Senhor, a solidão,
Não por desprezo aos homens,
Mas justamente para melhor amá-los.

Quando o silêncio é falar com Deus,
Quando a contemplação se dirige a Deus,
E quando a solidão é para estar com Deus,
Então o silêncio é mais perfeito que as palavras
A contemplação é maior que a ação
E a solidão superior a qualquer companhia.

Que eu ame então, Senhor, o silêncio, a contemplação e a solidão,
Não em si mesmos,
Mas por me levarem mais facilmente a Vós.
Amém!

quarta-feira, 25 de março de 2020

SOMENTE DEUS PODE FAZER UMA ÁRVORE


             Há tempos atrás eu costumava assistir aos vídeos do venerável Fulton Sheen. Num desses vídeos ele disse uma frase que me marcou: “Only God can make a tree”[1]. Com freqüência lembro-me dela, principalmente quando estou caminhando e naturalmente acabo me deparando com muitas árvores. Há tantas coisas que apenas Deus pode fazer, por que falar justamente de árvore? De fato é possível substituir “árvore” por uma infinidade de outras criaturas, mas foi a frase que Fulton Sheen usou e, além disso, tenho uma predileção pessoal por elas. É possível, contudo, justificar a oportunidade do uso do termo “árvore” nessa frase.
            Mons. Williamson ensina que a vida em grandes cidades é uma das causas do distanciamento da realidade, distanciamento este sofrido pelo homem moderno. Neste ponto o camponês estaria em melhor situação, pois possui um contato maior com a criação. Mons. Williamson ensina também que a vida nas grandes cidades contribui para o antropocentrismo ou humanismo, devido à convivência excessiva com coisas criadas pelo homem.
            Precisamos nos esforçar para contemplar a criação. E agora explico porque é oportuno o uso do termo “árvore” na frase que dá título a este artigo. Ainda que em grandes cidades podemos contemplá-las, ainda que em suas regiões centrais; podemos contemplá-las nas regiões afastadas e em quase todas as partes. Alguém poderia objetar que sempre podemos também contemplar o sol e o céu, mas eu contra-argumentaria que um dia bem nublado é capaz de nos roubar tanto o sol como o azul do céu, mas não pode nos roubar as árvores. Alguém poderia objetar que sempre podemos contemplar a terra, mas eu contra-argumentaria que em muitos lugares a terra não pode ser vista com grande facilidade, pois há lugares em que a única coisa que se vê por quilômetros são asfaltos e calçadas. Nem sempre podemos ver pássaros, nem sempre lagos ou cursos de água.
            Resta concluir que são as árvores, que podem ser vistas de longe e contempladas detidamente, as criaturas mais representativas da criação em nosso cotidiano urbano. Das ações singelas pelas quais alguém se possa alegrar poucas se equiparam à ação de plantar uma árvore; pode-se ver em conversas informais alguém apontar para elas e dizer: “aquela fui eu que plantei... aquela outra foi meu pai... etc.” Um pai de família sempre pode extrair um pouco de alegria ao olhar seu quintal e vê-lo povoado por árvores plantadas por suas próprias mãos, mas poderá ter uma alegria muito mais perfeita se souber que só Deus pode fazer uma árvore: “eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer.”[2]


[1] Somente Deus pode fazer uma árvore.
[2]  I Coríntios 3, 6-7.