A
ordem que o evangelho nos dá de renunciarmos a nós mesmos é tão difícil de
entender quanto de praticar. A fim de compreender e praticar melhor essa ordem,
escrevi este texto, pois em geral a escrita nos obriga a uma sistematização.
Que a graça de Deus venha em meu socorro.
Dentre tantas partes do evangelho
que nos dão essa ordem, gostaria de destacar duas. A primeira diz o seguinte:
“Em seguida, convocando a multidão juntamente com seus discípulos, disse-lhes:
‘Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.’”
(Marcos 8, 34). Essa renúncia não pode significar a aniquilação completa de
nossa individualidade, pois não se trata de uma doutrina panteísta. A Sã
Doutrina nos ensina que a união íntima do homem com Deus, na eternidade, não
significa a absorção da individualidade humana pela divindade, senão a fruição
e o repouso do homem no seu fim último que é Deus. Pois bem, se essa renúncia
não pode ser a aniquilação da individualidade, o que pode ser então?
Tentarei, com a graça de Deus,
responder do melhor modo possível.
Somos chamados a entregar, através
de um ato de fé, a Deus toda a nossa vida: nossas faculdades, nossos bens,
nosso tempo, nosso trabalho. Não é outra coisa o que ensina o Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luis Maria Grignion de Montfort.
Mas devemos lembrar que essa entrega não anula nossa liberdade, nem nossa
consciência. O que significa então a renúncia pedida no evangelho? Segundo o
que consegui entender, essa renúncia significa o seguinte: entregar tudo a Deus
é estar disposto a viver nossas vidas submetendo-nos à sua lei em todas as
questões, para isso deveremos contar com a graça de Deus que secundará nossos
esforços em buscar essa lei e segui-la. Deus nos ajudará com sua graça, com as
inspirações do Espírito Santo e com o fortalecimento da nossa própria
inteligência.
Vou agora ilustrar minha resposta
com exemplos:
1-
A Igreja nos manda abster-se de carne na sexta feira. Mesmo que você goste
muito de carne você se abstém, pois sabe que é isso o que Deus te manda. Nesse
caso você renunciou ao seu desejo para seguir o que Deus ordena.
2-
A Igreja ensina que Jesus Cristo está presente em Corpo, Sangue, Alma e
Divindade na hóstia consagrada. Esse mistério é muito superior à nossa
capacidade, mas você crê, porque assim manda a Igreja. Claro que também temos a
obrigação de buscar e pedir a Deus que nos ajude a entender cada vez melhor
esse mistério, mas mesmo não entendendo completamente já cremos, pois é um
dogma e como tal está apoiado na autoridade do próprio Deus. Ao crer nisso
renunciamos ao nosso próprio entendimento.
3-
Se tua mãe te manda lavar a louça, você obedecerá, mesmo preferindo não
fazê-lo e assim estará renunciando à sua própria vontade, pois estará fazendo
isso para obedecer o mandamento divino de honrar pai e mãe.
A disposição interior de fazer tudo
para a glória de Deus e o ato de entregar a Ele a cada momento nossas ocupações
também faz parte da renúncia. Que a nossa vontade seja que a vontade de Deus se
realize é a essência da renúncia e a forma mais completa de praticá-la. Mas
isso exige de nós uma decisão forte, um esforço contínuo, atos concretos de
renúncia e muita oração implorando a graça de Deus.
As verdades da religião podem
sobrepujar nossa capacidade racional, mas nunca estarão em desacordo com a
razão. Logo, a negação de si mesmo que praticamos para seguir Nosso Senhor, de
modo algum nos colocará em dilemas morais, pois é a própria razão que, dando-se
conta da nossa fraqueza, nos persuade a entregar-nos a Deus.
A segunda parte do evangelho que
gostaria de destacar é simplesmente a continuação da primeira. Diz o seguinte:
“Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida
por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Marcos 8, 35).
Toda a doutrina da Igreja e sua ação
têm como fim último a salvação das almas. Seria estranho que uma de nossas
obrigações fosse não querer salvar a própria vida. No referido versículo,
portanto, é óbvio que a palavra “vida” é usada em dois sentidos diferentes.
Para tentar explicitar o sentido desse versículo vou reescrevê-lo de um modo
mais longo colocando a interpretação que consegui formular: “Porque o que
quiser salvar sua vida mortal, apegando-se aos atrativos passageiros desse
mundo e colocando neles sua esperança, perderá a Vida Eterna; mas o que perder
sua vida carnal, no sentido de renunciar aos atrativos desse mundo, por amor a
Jesus Cristo, salvará sua alma e alcançará a vida eterna.”
Essa vida mortal e passageira que
nos foi confiada não deve estar direcionada ao gozo carnal, mas à penitência, à
oração, ao trabalho, ao serviço ao próximo. Existe o desfrute lícito dos bens
desse mundo, mas isso não deve nos desviar do nosso fim principal, pelo
contrário, deve sempre a este se ordenar. Erramos gravemente, portanto, quando
a todo custo nos desviamos do jejum com medo de prejudicar a saúde, quando a
sacrificamos consideravelmente mais para satisfazer um prazer; nunca fazemos
uma vigília para não estarmos cansados no outro dia, mas perdemos o sono para
estar bebendo até tarde com os amigos. Consideramos sempre o que nos é mais
agradável, raramente nos sacrificamos nem nos mortificamos. Em suma, acabamos
por não morrer a nós mesmos e por um amor desordenado (um amor de si contra si)
buscamos salvar a própria vida, e que vida é essa que queremos salvar? A vida
mortal. O fato é que, entre essas duas vidas: a mortal e a Eterna, só uma pode
ser salva: a Eterna. A mortal perder-se-á por si mesma, pois está sujeita a
ação do tempo. Logo, a escolha é: ou você perde as duas tentando inutilmente
salvar a mortal; ou você ganha a Vida Eterna, sacrificando conscientemente a
vida mortal, contando para isso com a graça de Deus.
Esse ponto da vida espiritual que
aqui estou tratando é contemplado nas principais obras católicas, e sempre é um
ponto central. Gostaria de brevemente falar sobre algumas delas para ajudar o
leitor a entender ainda melhor essa questão, enquanto ao escrever eu próprio tento
por minha vez entendê-la:
1-
FILOTÉIA – SÃO FRANCISCO DE SALES – Essa obra é uma das mais
extraordinárias que existem. Os conselhos são muito inspirados, sábios e de
fácil entendimento. Animam-nos a praticar os preceitos religiosos, pois tudo
ali é tratado de forma simples e amena. Há também várias meditações, orações e
considerações que nos ensinam a rezar, a fazer penitência e a meditar.
No prefácio, São Francisco de Sales
escreve: “Nisto consiste, pois, a essência da devoção verdadeira, que suplico à
majestade divina de conceder a mim e a todos os membros da Igreja, à qual quero
submeter para sempre meus escritos, minhas ações, minhas palavras, minha
vontade e meus pensamentos.” Aí está como deve falar um bom católico!
2-
A ALMA DE TODO APOSTOLADO – JEAN BAPTISTE CHAUTARD – Nessa obra, Chautard
deixa claro que a alma de todo apostolado é a oração e a meditação, e que seria
erro grave achar que qualquer obra possa dar frutos se não tiverem ligadas a
uma forte vida espiritual de oração e meditação, pois é por essas duas práticas
que nos tornamos íntimos de Deus, que é o único que nos pode conceder as graças
necessárias para que nossos esforços apostólicos frutifiquem. Como disse Nosso
Senhor: “Sem mim nada podeis fazer”. Chautard diz na décima primeira verdade –
primeira parte – “Farei, durante os meus retiros, um sério exame de consciência
para saber: se estou convicto da nulidade da minha ação, e da sua força, quando
unida à ação de Jesus; se excluo, implacavelmente qualquer vaidade, qualquer
autocontemplação, na minha vida de apóstolo; se me mantenho numa desconfiança
absoluta de mim mesmo; e se peço a Deus que dê vida às minhas obras e me
preserve do orgulho, primeiro e principal obstáculo para receber o seu
auxílio.”
3-
IMITAÇÃO DE CRISTO – TOMÁS DE KEMPIS – Outra obra extraordinária que também
aborda diversas vezes o tema da renúncia. Listo a seguir alguns dos principais
ensinamentos que encontrei nesse clássico:
·
Melhor ser ignorante e virtuoso que instruído
e orgulhoso;
·
Desprezar o mundo e suas pompas;
·
Conhecer a si mesmo e desprezar a si mesmo;
·
Ser humilde;
·
A graça do entendimento das coisas divinas
vem de Deus e não da inteligência humana;
·
A importância do silêncio e do recolhimento;
·
A vida virtuosa traz sabedoria.
·
Deve-se procurar o aconselhamento de alguém
mais sábio.
·
Renunciar à própria vontade.
·
A vida virtuosa traz paz.
No capítulo 8 do livro 3, podemos encontrar
este lindo trecho: “Mas se me tiver por vil e me aniquilar, deixando toda a vã
estima de mim mesmo, e me reduzir a pó, que sou na verdade, ser-me-á propícia a
vossa graça, e a vossa luz há de vir em meu coração, e todo sentimento de amor
próprio, por mínimo que seja, perder-se-á no abismo do meu nada e perecerá para
sempre... perdi-me, amando-me desordenadamente; mas, buscando a vós unicamente,
e amando com puro amor, a mim me achei e a vós também, e este amor me fez ainda
mais aprofundar-me em meu nada.”
Podemos também encontrar o seguinte no
capítulo 32 do livro 3: “ - Jesus: Filho, não podes gozar perfeita liberdade,
enquanto não renunciares inteiramente a
ti mesmo.... deixa tudo e tudo acharás; renuncia à cobiça, e terás sossego.
Pondera isso, e, quando o praticares, tudo entenderás.
O capítulo 37 do livro 3, por sua clareza e
completa harmonia com o evangelho, merece ser citado na íntegra: “ - Jesus:
Filho, deixa-te a ti, e acharás a mim. Despe tua vontade e teu amor próprio, e
sempre tirarás lucro. Porque, logo que te entregares a mim sem reservas, se te
acrescentará a graça.
- A
alma: Senhor, em que devo renunciar-me e quantas vezes?
-
Jesus: Sempre e a toda hora, tanto no muito como no pouco. Nada excetuo, mas
quero te achar despojado de tudo. De outra sorte, como poderás ser meu e eu
teu, se não estiveres, exterior e interiormente, desapegado de toda vontade
própria? Quanto mais prontamente isso fizeres, tanto melhor te acharás, e
quanto mais pleno e sincero for teu sacrifício, tanto mais me agradarás e maior
lucro terás.
Alguns há que se entregam a mim, mas com
alguma reserva, porque não tem plena confiança em Deus e por isso tratam de
prover as próprias necessidades. Outros, a princípio, tudo oferecem, mas
depois, combatidos pela tentação, voltam-se novamente às próprias comodidades,
e eis porque quase não progridem nas virtudes. Estes nunca chegarão à
verdadeira liberdade do coração puro, nem à graça de minha doce familiaridade,
enquanto não renunciarem de todo a si mesmos, oferecendo-se em cotidiano
sacrifício a Deus, sem o que não há nem pode haver união deliciosa comigo.
Muitas vezes te disse e agora te torno a
dizer: deixa-te, renuncia a ti mesmo, e gozarás de grande paz interior. Dá tudo
por tudo, não busques, não reclames coisa alguma, persevera, pura e
simplesmente, em mim, e me possuirás. Terás livre o coração e as trevas não te
poderão oprimir. A isto te aplica, isto pede, isto deseja: ser despojado de
todo o amor-próprio, para que possas seguir nu a Jesus desnudado, morrer a ti
mesmo e viver eternamente. Então se dissiparão todas as vãs imaginações,
penosas perturbações e supérfluos cuidados. Logo, também, desaparecerá o temor
demasiado, e morrerá o amor desordenado.”
Por fim cito ainda um trecho do capítulo 56
do livro 3: “Quanto mais saíres de ti mesmo, tanto mais poderá chegar-te a mim.
Assim como o não desejar coisa alguma exterior produz paz interior, assim o
desprendimento interior de si mesmo causa a união com Deus... Se queres entrar
na vida, guarda os mandamentos (Mateus 19, 17). Se queres conhecer a verdade,
crê em mim. Se queres ser perfeito vende tudo (Mateus 19, 21). Se queres ser
meu discípulo, renuncia a ti mesmo. Se queres possuir a Vida bem aventurada,
despreza a presente. Se queres ser exaltado no céu humilha-te na terra. Se
queres reinar comigo, carrega comigo a cruz, porque só os servos da cruz acham
o caminho da bem aventurança e da luz verdadeira.”
4-
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS – SANTO INÁCIO DE LOYOLA – Nesse
livro Santo Inácio nos ensina um verdadeiro método para progredir na vida
espiritual. Método esse baseado em diversos conselhos, meditações e exercícios
espirituais. Logo antes de começar os exercícios da primeira semana, lê-se um
pequeno texto intitulado “Princípio e Fundamento”, ali lê-se o seguinte: “O ser
humano é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor e, assim,
salvar-se. As outras coisas sobre a face da terra são criadas para o ser humano
para o ajudarem a atingir o fim para o qual é criado. Daí se segue que ele deve
usar das coisas tanto quanto o ajudam para atingir o seu fim, e deve privar-se
delas tanto quanto o impedem. Por isso é necessário fazer-nos indiferentes a
todas as coisas criadas, em tudo o que é permitido à nossa livre vontade e não
lhe é proibido. De tal maneira que, da nossa parte, não queiramos mais saúde
que enfermidade, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que vida
breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo somente aquilo
que mais nos conduz ao fim para o qual somos criados.”
5-
TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM – SÃO LUIS MARIA GRIGNION DE
MONTFORT – Quem ainda não tem esse livro, trate de
providenciá-lo e colocar em prática o que ali está escrito. Consagrar-se à Nossa
Senhora e viver essa consagração é o meio mais fácil, seguro e piedoso de
progredir na vida espiritual. São Luis explica com maestria as razões
teológicas e os fundamentos doutrinais para entregarmos todos os nossos méritos
a Jesus por intermédio das mãos puríssimas de Nossa Senhora.
No capítulo II, artigo 3, São Luis nos
ensina: “Para despojar-nos de nós mesmos, é preciso conhecer primeiramente e
bem, pela luz do Espírito Santo, nosso fundo de maldade, nossa incapacidade
para todo o bem, nossa fraqueza em todas as coisas, nossa inconstância em todo
o tempo, nossa indignidade de toda graça e nossa iniqüidade em todo lugar...Em
segundo lugar, para despojar-nos de nós mesmos, é preciso que todos os dias
morramos para nós, isto é, importa renunciarmos às operações das faculdades da
alma e dos sentidos do corpo, precisamos ver como se não víssemos, ouvir como
se não ouvíssemos, servir-nos das coisas desse mundo como se não o
fizéssemos... Se não morrermos a nós mesmos, e se as mais santas devoções não
nos levarem a essa morte necessária e fecunda, não produziremos fruto que
valha, nossas devoções serão inúteis, todas as nossas obras de justiça ficarão
manchadas por nosso amor próprio e nossa própria vontade, e Deus abominará os
maiores sacrifícios e as maiores ações que possamos fazer.”
Como se vê a renúncia de si mesmo é condição
sine qua non para a prática da verdadeira religião (catolicismo), a isso no
leva tanto o evangelho quanto o coro harmônico dos escritores espirituais.
Obviamente também o catecismo nos leva a isso. De fato, não é possível obedecer
aos mandamentos sem renunciar a si mesmo, pois o pecado original, ao tornar, de
certa forma, nossa natureza em inimiga de Deus, tornou-nos, ao mesmo tempo,
avessos ao cumprimento de tudo aquilo que é bom. Logo, para cumprir as
exigências de Deus, somos obrigados a essa renúncia, e quando pecamos é
simplesmente porque não quisemos renunciar a nós mesmos. Nossa natureza
corrompida nos inclina sempre ao mal; quando, por um amor desordenado a nós
mesmos, cedemos a ela, caímos no pecado. Além disso, temos outros dois
inimigos: o mundo e o demônio, mas certamente a corte celestial que nos socorre
é superior a tudo isso.
Todas as quedas narradas pela Bíblia são
devidas a essa falta de renúncia: Lúcifer caiu por não renunciar, da mesma
forma Adão e Eva; Caim, Judas e todos os demais pecadores da história se
ressentem desse mal que é a recusa de renunciar a si mesmo. Por outro lado,
todos os justos da história demonstram uma extraordinária disposição para
renunciar: Abraão que renuncia a seu próprio filho, Noé que renuncia à sua
honra, Nossa Senhora que diz “Sim” a Deus, Nosso Senhor que roga ao Pai que
seja feita a vontade dEle.
O significado profundo dessa renúncia e todas
as suas conseqüências não posso eu esclarecer por completo. Espero que esse
pequeno trabalho possa ter ajudado aqueles que procuram sinceramente fazer a
vontade de Deus. Para todos nós que estamos começando agora nossa caminhada
espiritual, tenho certeza de que as práticas a seguir muito nos ajudarão:
1- Ler
e meditar sobre as cinco obras que citei, sem esquecer o Evangelho. Todas elas tratam
do assunto de modo magistral.
2-
Fazer penitência: jejum, vigílias, abster-se de carne mais vezes do que manda a
Igreja, deixar de comer alguma coisa de que se gosta, sacrificar algum lazer
para poder se dedicar à oração e à meditação ou alguma outra obra de piedade.
Além de praticar obras de misericórdia. Se ficarmos atentos o Espírito Santo
nos inspirará no tipo de penitência e obras que devemos fazer.
3- Ser
disciplinado nas orações. Rezar várias vezes por dia, sem esquecer o terço.
4- Resignar-se
à vontade de Deus nos contratempos da vida, e entregar todas as vicissitudes a
Deus como forma de penitência e reparação por nossos pecados.
5-
Consagrar-se a Nossa Senhora pelo método de São Luis Maria Grignion de
Montfort.
Esses passos simples serão um bom começo para
atingirmos a perfeita renúncia que Deus nos pede. Imploremos a Ele a graça de
atingirmos tão sublime estado, pois sem Ele nada podemos fazer. Ave Maria!