Por Uma Intelectualidade Cristã!







sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Coloquemos o Menino Jesus na Manjedoura

 

               

        Em seu nascimento, como em toda a sua vida, Deus nos mostra que quis nos salvar através do seu sofrimento, alegrar-nos através de sua dor, dar-nos a vida através de sua morte. A piedade católica, sabendo interpretar corretamente o sentido do sofrimento, soube transformar em beleza as difíceis condições nas quais nasceu o nosso Salvador, é o que se pode constatar ao contemplar o Presépio. Inspirando-nos nessa singela e belíssima devoção, podemos nós também transformar as atuais dificuldades em belos frutos de salvação, de piedade, de esforço e de santa alegria. Cristo, tendo nascido uma só vez, continuou concedendo-nos inúmeras graças mediante o seu nascimento; sendo Deus pode Ele investir os seus atos de um significado que toca a eternidade, e é por isso que podemos viver o Natal várias vezes, e tantas vezes o viveremos quantas meditarmos profundamente em seu significado.      

        Aproveitemos bem este Natal tão especial, tão rico de oportunidades no que se refere à vida espiritual. Contemplemos o presépio, onde poderemos ver, para além da beleza e da singeleza, a grandiosa verdade de que Cristo sofreu por nós desde o início de sua Encarnação; sintamos ternura pelo Menino Deus, mas não nos esqueçamos de que os animais ali presentes significa que “não havia lugar para eles”; coloquemos o Menino Jesus na manjedoura, mas lembrando que essa manjedoura significa o nosso coração, isto é, um lugar muito pouco digno de Nosso Senhor, mas no qual ele se alegra de poder estar.

domingo, 13 de dezembro de 2020

OS CATÓLICOS DEVEM LUTAR PARA VENCER

 

             “Militia est vita hominis super terram”[1].

 

            “De cetero fratres confortamini in Domino et in potentia virtutis eius induite vos arma Dei ut possitis stare adversus insidias diaboli quia non est nobis conluctatio adversus carnem et saguinem sed adversus principes et potestates adversus mundi rectores tenebrarum harum contra spiritalia nequitiae in caelestibus propterea accipite armaturam Dei ut possitis resistere in die malo et omnibus perfectis stare state ergo succincti lumbos vestros in veritate et induti loricam iustitiae et calciati pedes in praeparatione evangelii pacis in omnibus sumentes scutm fidei in quo possitis omnia tela nequissimi ignea extinguere et galeam salutis adsumite et gladium Spiritus quod est verbum Dei per omnem orationem et obsecrationem orantes omni tempore in Spiritu et in ipso vigilantes in omni instantia et obsecratione pro omnibus sanctis”[2].

 

            A finalidade da luta é a vitória, nada mais evidente, porém, quando se trata do fim último sobrenatural da vida, devemos entender com clareza de que vitória se trata.

            É sabido que os católicos devemos lutar, mas quando pensamos que a luta basta, quando pensamos que a mera participação na batalha já nos justifica perante o cumprimento do dever, erramos. A forma de lutar também é importante, bem como a disposição com a qual se luta. Uma dessas disposições que devemos ter ao lutar é o desejo de alcançar de fato a vitória, não se  deve lutar apenas para poder dizer à própria consciência: “Ao menos tentei!”

            O campo de batalha mais imediato é o próprio coração, no qual se devem vencer os vícios, as más inclinações e tudo o que nos afasta de Deus, e assim acabamos por ser vitoriosos em nosso interior, vitória essa profundamente unida com a Graça Divina. Mas também há a família e a sociedade como um todo, e o amor nos leva a querer vencer também aí, não para nós, mas para Deus, a quem devem ser dadas toda a honra e toda a glória.

            É importante destacar que a vitória cabe a Deus e que não podemos ter a garantia de vencer sempre, no entanto sempre somos obrigados a lutar e a lutar para vencer. Se a derrota não se deveu à nossa negligência, ainda saímos vitoriosos, pois cumprimos o nosso dever. O que não podemos é lutar por lutar, lutar sem esperança, sem confiança, não podemos lutar com a certeza da derrota. Isso não podemos! Assim como a vitória cabe a Deus, a nós cabe a confiança e a esperança. Além do mais, Deus sempre é vitorioso, se estamos ao Seu lado todas as derrotas são mera aparência, pois tudo concorre para o bem dos que amam a Deus (Epístola aos Romanos 8,28).

            O que devemos visar com a vitória? A glória de Deus, a salvação das almas. E se perdermos? Deus é glorificado pelo cumprimento do dever, que santifica aqueles que lutam. E como vencemos? Principalmente pela oração, é o que nos ensina o princípio da superioridade da vida contemplativa sobre a vida ativa, conforme brilhantemente explicado no livro “A Alma de Todo Apostolado”. Quais são as oportunidades de vencer? Inúmeras: um gesto de paciência, um ato de caridade, o esforço de rezar um rosário, uma penitência, o combate a um mal pensamento, em tudo isso há luta e pode haver muitas vitórias com a Graça de Deus. Tais vitórias na vida espiritual interior e individual contribuirão mais do que se imagina para as vitórias no âmbito social, e tais êxitos devem sempre confluir para a vitória do Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

            A oração é a principal causa eficiente das vitórias católicas, pois através dela Deus age e nos ajuda a agir; tal ensinamento é seguro, posto que ensinado, vivido e comprovado pela prática constante da Igreja.

            Que Deus nos proporcione a graça de uma sábia disposição para a luta, pois a índole sobrenaturalmente triunfalista é própria dos bons católicos. Salve Maria! Viva Cristo Rei! Sempre!


[1] A vida do homem sobre a terra é uma guerra. (Jó 7, 1).

[2] De resto, irmãos, fortalecei-vos no Senhor e no poder da sua virtude. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demónio [sic]. Porque nós não temos que lutar (somente) contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e potestades (do inferno), contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos malignos (espalhados) pelos ares. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e ficar de pé depois de ter vencido tudo. Estai, pois, firmes, tendo cingido os vossos rins com a verdade, e vestindo a couraça da justiça, e tendo os pés calçados (prontos) para ir anunciar o Evangelho de paz; sobretudo tomai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do (espírito) maligno; tomai também o elmo da salvação e a espada do espírito (que é a palavra de Deus); orando continuamente em espírito com toda a sorte de orações e de súplicas, e vigiando nisto mesmo com toda a perseverança, rogando por todos os santos”. (Epístola aos Efésiso 6, 10-18).

sábado, 26 de setembro de 2020

TRIBUTO AOS TRADICIONALISTAS

 

“Mas o que é Tradição? Parece-me que, com freqüência, a palavra é imperfeitamente compreendida: comparam-na às tradições como existem nas profissões, nas famílias, na vida civil: o buquê fixado sobre a cumieira da casa quando se coloca a última telha, o cordão que se corta para inaugurar um monumento etc. Não é disto que eu falo; [...] A tradição se define como o depósito da fé transmitido pelo magistério de século em século.” (Mons. Marcel Lefebvre, Carta Aberta aos Católicos Perplexos).

 

“Não vos deixeis iludir, caros leitores, pelo termo ‘tradicionalista’ que se tenta fazer tomar em mau sentido. É de certo modo um pleonasmo, pois não vejo o que pode ser um católico que não fosse tradicionalista. Creio tê-lo demonstrado neste livro, a Igreja é uma tradição. Nós somos uma tradição. Fala-se também de ‘integrismo’; se se entende com isto o respeito da integridade do dogma, do catecismo, da moral cristã, do Santo Sacrifício da Missa, então sim somos integristas. Mas eu não vejo como possa ser católico quem não fosse integrista neste sentido”. (Mons. Marcel Lefebvre, Carta Aberta aos Católicos Perplexos).

 

“(...) A Igreja, que jamais traiu o bem dos povos com elogios comprometedores, não deve esquecer o passado (...) basta retomar com o concurso dos verdadeiros trabalhadores a restauração social dos organismos atingidos pela Revolução e adaptá-los, com o mesmo espírito cristão que os inspirou, ao novo cenário criado pela evolução material da sociedade contemporânea, pois os verdadeiros amigos do povo não são os revolucionários nem os inovadores, mas os tradicionalistas”. (Papa São Pio X, citação encontrada na obra “Do Liberalismo à Apostasia” de Mons. Marcel Lefebvre).

 

            Como é sabido, o Concílio Vaticano II causou uma crise que é considerada como a pior já enfrentada pela Igreja. Mas Deus, que nunca a abandona, suscitou verdadeiros católicos para esse terrível combate. E quem são esses combatentes senão os tradicionalistas? E ainda: o que significa ser tradicionalista? Nada mais que ser continuador do que a Igreja sempre foi, de modo que ao ouvir um tradicionalista atual não notamos nenhuma diferença essencial em relação àquilo que os grandes católicos disseram no passado. O termo — tradicionalista —, embora seja pleonástico como aponta Mons. Lefebvre, serve para colocar alguma ordem no caos em que se tornou o orbe católico. Aqueles, portanto, que procuram guardar e seguir a Fé Católica, tal qual ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo, são tradicionalistas. A eles presto a seguir minha homenagem.

            Tudo o que direi a seguir sobre os tradicionalistas atribuo em primeiro lugar à Graça de Deus, pois Nosso Senhor nos diz que sem Ele nada podemos fazer. Feita esta importante ressalva, faço a seguir o meu elogio.

            Falemos primeiramente do Catecismo de São Pio X. Certamente essa pequena obra ajudou muitos a adquirir uma Fé sólida e um conhecimento muito satisfatório da Doutrina Católica. Quem se debruçou seriamente sobre ele, buscando decorar suas respostas sucintas e esclarecedoras, saberá do que estou falando; e saberá mais ainda se buscou incuti-lo em seus filhos, estudando-o em família. A difusão de tal catecismo, ninguém o poderá negar, foi em grande medida obra dos tradicionalistas.

            Entre muitas outras realizações no campo do conhecimento, não podemos esquecer que mantiveram Santo Tomás no verdadeiro pedestal que ele merece.

            Foi pelos tradicionalistas que, para muitos, o terço deixou de ser um mero objeto ornamental pendurado em algum lugar da casa para tornar-se uma verdadeira arma de conversão e santificação. Eles propagaram insistentemente a recitação do Santo Rosário, ensinaram a força e a importância dessa oração e a partir disso muitos puderam ver na prática a eficácia dessa devoção. Além desta, propagaram também muitas outras devoções, como a entronização do Sagrado Coração de Jesus, mediante a qual Cristo é entronizado no lar como Rei de Amor.

            Eles propagaram obras consagradas do catolicismo como: Filoteia, Exercícios Espirituais, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Imitação de Cristo e tantas outras. Lembrando-nos assim de uma verdade hoje tão esquecida: é preciso freqüentar boas leituras e rechaçar as más.

            Mantiveram os ensinamentos sobre a modéstia e tantos outros pontos esquecidos da moral católica. Combatendo sempre os maus costumes e recordando-nos de que a moral não muda ao sabor dos tempos, aliás em sua essência não muda de forma alguma, pois a Lei de Deus é eterna.

            Os tradicionalistas ergueram num estandarte a grandeza da Santa Igreja, ensinando enfaticamente que fora dela não há salvação.

            Foi com eles que muitos aprenderam que os sacramentos são verdadeiros transmissores da Graça e não meros símbolos. Não deixaram que fosse esquecido o verdadeiro caráter da Santa Missa: verdadeiro Sacrifício oferecido a Deus Pai; ensinaram com o exemplo, com a prática e com insistentes admoestações que a Santa Missa merece a máxima reverência. Expuseram com clareza meridiana os problemas da missa nova e as razões pelas quais deve ser rejeitada. Eles mantiveram neste mundo, pela Graça da Deus, a dignidade do culto que é devido a Deus, mantiveram a Missa de Sempre. Devido à sua coragem e intransigência, o culto católico tradicional é uma realidade vivida por muitos e desejada por outros tantos que, por inúmeras razões, ainda não têm acesso a tamanha graça.

            E assim os tradicionalistas me ensinaram a ser católico, e foi como aprender com os próprios apóstolos, não porque tenham aqueles a mesma excelência que estes, mas porque a Doutrina é a mesma. E foi assim, para concluir, que tornei-me eu, por minha vez, tradicionalista, juntamente com minha família, para a Glória de Deus e de Sua Igreja.

            Eis aí aqueles pelos quais Nosso Senhor renova a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Eis aí, os heróis da Igreja, Rezemos para que cresça o alcance daqueles que mantêm a devida fidelidade ao depósito da Fé; a ordem de Cristo para que se batize e se ensine todos os povos fala-nos hoje com especial eloquência. Contemplar a ação dos tradicionalistas na história recente é contemplar a continuação daquele farol que conduz a história da Igreja em seus dois milênios de existência, é nada mais que assistir a continuação da Igreja; é além disso, contemplar o modo como Deus, valendo-se de um número tão reduzido humilha o inimigo e faz brilhar tão fulgurantemente a Sua Igreja. O que me faz lembrar do modo como meu filho de quatro anos responde uma questão da catequese: “— O que é a Santa Igreja Católica?; — A Igueja do Deus, a verdadeira dEle.” Assim, fazendo eco aos mencionados heróis, responde em sua candura infantil esse pequeno tradicionalista. Ave Maria Puríssima!

sábado, 4 de julho de 2020

A Intrução Religiosa das Crianças

Meu amigo Fernando Rodrigues Batista elaborou este compilado a respeito de um tema urgente: a educação católica das crianças. A falta da devida instrução religiosa é causa de inúmeros males, como já alertava São Pio X na encíclica "Acerbo Nimis". A criança precisa aprender desde cedo qual é a sua finalidade última, a saber: o Paraíso. O compilado que compartilhamos vem contribuir para esta causa tão nobre. Pedimos a todos que leiam,reflitam e divulguem. Salve Maria! Viva Cristo Rei!

https://www.4shared.com/office/mRpJtjK9iq/INSTRUO_RELIGIOSA_DAS_CRIANAS.html?fbclid=IwAR1uSd66XqrPZnP_ITzPb4xZ6zUj6sZITjYkfSD_5e0PSNVAdTuTkmostAg

quarta-feira, 3 de junho de 2020

UM TERMO QUE FOI EXPULSO DO CÉU



       O termo “liberdade” teve seu significado distorcido pelos liberais em tão alto grau que é praticamente impossível utilizá-lo no bom sentido. Ao usar tal palavra corre-se o risco de que nosso interlocutor entenda tal termo em sentido liberal, já que é neste sentido que essa palavra circula. Sendo assim, se queremos dar a esse termo o sentido correto precisamos sempre exorcizá-lo com outras palavras ou explicações. É por isso que atualmente o católico sério raramente dele se vale, enquanto os católicos incautos dele se utilizam irrefletidamente acabando por fazer propaganda do liberalismo.
            Os liberais de tal modo monopolizaram essa palavra, de tal modo a conspurcaram que ela se tornou medonha e terrível, a ponto de quase sempre indicar, onde quer que apareça, uma afronta a Deus. Na boca dos liberais, “liberdade” virou “non serviam”.
            Quando vem no plural aí sim é que ganha uma faceta horrenda, posto que mais nítida: “liberdades” é o mesmo que “legião”, é o demônio acompanhado de seus sequazes.
            Quanto aos católicos liberais ou contaminados da peste liberal, desses que têm na cabeça mais Mises que catecismo, devemos aplicar uma máxima evangélica que serve, na verdade, para qualquer um: “a boca fala do que está cheio o coração”. E que palavras têm esses? Mais palavras para a defesa das “liberdades” que para a defesa dos Direitos de Deus; mais vitupérios contra o que “ameaça a democracia” que contra o que ameaça a pureza da fé; têm na boca, por fim, mais “viva a liberdade!” que “Viva Cristo Rei!”.