Nosso
Senhor Jesus Cristo é Deus! Essa é a verdade que devemos repetir sem cessar
contra os arianos do momento e do passado; contra os que querem reduzi-lo a um
simples sábio. Essa é a verdade que devemos repetir aos esquecidos, aos desatentos,
aos negligentes desconhecedores da própria Fé.
Todo pecado merece um castigo.
Quanto maior o pecado maior deve ser o castigo. Quanto maior a dignidade do
ofendido maior é a culpa. Ao pecar o homem ofende a própria Bondade; a própria
Pureza; a própria Sabedoria. Sendo assim, o pecado tem algo de infinito e só
poderia ser pago por alguém que tivesse méritos infinitos. Ora, nenhum homem
pode ter méritos infinitos; os méritos somados de todos os homens existentes,
que existiram e que existirão não podem ser infinitos. Só os méritos de Deus
podem ser infinitos. Era preciso reunir num só ser a natureza humana e a
natureza divina. Então Deus se fez homem. A Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade (o Filho) encarnou-se no seio puríssimo de Maria. Sendo homem pôde
então sofrer; pagar o castigo que era merecido por nós e que não poderíamos
pagar jamais. Sendo homem pôde então morrer na cruz para realizar a redenção do
gênero humano, e o que realizou era revestido de mérito infinito porque Ele é
Deus. Perfeito Deus e perfeito Homem unidos substancialmente pela chamada união
hipostática: duas naturezas (a humana e a divina); duas vontades (a humana e a
divina) e uma só Pessoa (a segunda Pessoa da Santíssima Trindade: o Filho).
“Em verdade, em verdade, vos digo: antes que
Abraão fosse feito, EU SOU”. (João 8, 58).
“Disse Deus a Moisés: ‘Eu sou o que sou’. E
acrescentou: ‘Assim dirás aos filhos de Israel: ‘Aquele que é, enviou-me a vós.’”
(Êxodo 3, 14). Ele é eterno, sempre existiu e sempre existirá porque
Ele é Deus!
“Jesus
Cristo é o centro da história. Sentem-no e dizem-no os homens pelo simples fato
de dividirem as grandes épocas da história num tempo antes de Cristo e num
tempo depois de Cristo. Como Verbo do eterno Pai criou o mundo e os homens.
Fez-se homem Ele próprio para, como Homem-Deus, fazer-nos participantes da sua
vida divina. Esta santificação do gênero humano pelo Cristo histórico e a
continuação da sua obra salvadora pelo Cristo místico, a Igreja, é a última e a
mais profunda razão de toda a história.”[1]
Seu nascimento divide a história em duas partes porque Ele é Deus!
Nós ressuscitaremos por ordem sua,
mas Ele ressuscitou por seu próprio poder. Porque Ele é Deus!
Ele é Filho de Deus[2]
por natureza e nós somos filhos de Deus por adoção, devido justamente à graça
que Ele nos alcançou. Porque Ele é Deus!
E o homem o que é? “porque
tu és pó, e em pó te hás de tornar.” (Gênesis 3,19). “saibam
os povos que são homens mortais” (Salmos 9, 21). São Luís Maria
Grignion de Montfort cita em seu famoso tratado sobre a Virgem Santíssima as
seguintes palavras de São Bernardo: “Cogita quid fueris, semen putridum; quid
sis, vas stercorum; quid futurus sis, esca verminum”[3].
São Luís Maria Grignion de Montfort diz também no tratado: “Somos, naturalmente, mais orgulhosos
que os pavões, mais apegados à terra que os sapos, mais feios que os bodes,
mais invejosos que as serpentes, mais glutões que os porcos, mais coléricos que
os tigres e mais preguiçosos que as tartarugas; mais fracos que os caniços, e
mais inconstantes do que um cata-vento. Tudo que temos em nosso íntimo é nada e
pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno”. E apesar de
tudo isso: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as
estrelas, que tu criaste, (exclamo): Que é o homem, para te lembrares dele? Ou
que é o filho do homem, para cuidares dele? Tu o fizeste pouco inferior aos
anjos, de glória e de honra o coroaste; deste-lhe o mando sobre as obras das
tuas mãos, sujeitaste todas as coisas debaixo de seus pés: todas as ovelhas e
todos os bois e, além destes, os outros animais do campo, as aves do céu e os
peixes do mar: tudo o que percorre as veredas dos oceanos. Senhor, Senhor
nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra! (Salmos 8, 4-10). E
ainda: “Mas Deus manifesta a sua caridade para conosco, porque, quando ainda
éramos pecadores, então morreu Cristo por nós.” (Romanos 5, 8).
Ele nasceu da Santíssima e Imaculada
Virgem Maria porque Ele é Deus! Feliz Natal! Porque não comemoramos hoje um
nascimento comum; quem está ali no presépio é o Menino Deus!
Feliz e Santo Natal a Todos!
[1] Frei
Dagoberto Romag, O.F.M. Compêndio de
História da Igreja. I Volume – A Antiguidade Cristã. p. 27.
[2] A
Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é um só Deus em três pessoas
distintas.
[3]
“Pensa no que foste: um pouco de lodo; no que és:vaso de escórias; no que
serás: pasto de vermes.”